Porque era ela, porque era eu

Ela sempre foi o salto alto; eu, a sapatilha.
Ela sempre gostou mais do cabelo comprido e eu, do curto.
Ela sempre dançou o pop; eu, o rock.
Ela sempre foi tímida e eu, a popular.
Ela deixava opções de roupas em cima da cama pra eu sair. Eu escolhia outra coisa no armário.
Ela não gostava do mar. Metade de mim é maresia.
Ela cerveja, eu champanhe.

Ela resolveu ir embora. A coragem que me faltou. A coragem que me falta. Ela resolveu conhecer o mundo e um outro mundo de possibilidades abrirá a sua frente. Ela sempre foi o contraponto do meu mundo e ainda assim é como se faltasse um pedaço de mim. Sem ela, eu simplesmente não sou. Ela faz aniversário hoje e não poder abraça-la é uma das partes tristes do meu dia. A parte feliz é imaginar que outras pessoas que não conheciam esse calorzinho bom que existe no seu abraçar, poderão fazê-lo. Ela é o tipo de doçura que toda pessoa boa merece ter por perto. Faz um bem danado de bom.

=’)