Eu sentia saudade de andar no banco de trás do seu carro, admirando como você dirigia bem, como você era desenvolto pra falar ao telefone, manobrar o carro e brigar com a minha mãe, tudo ao mesmo tempo. Eu sentia saudade de ir pra nossa casa na praia olhando a paisagem pela janela, impaciente pela demora de ficar lá trás sem poder me mexer, escutando o Duran Duran que você ouvia e que nos obrigava a ouvir. Eu carreguei os sentimentos de gratidão e admiração comigo por muito tempo, agradecendo por ser quem eu sou hoje, graças ao seu bom gosto pra música, por ser o artista que era, a sua inteligência sempre intrigante pra mim.
Hoje eu senti raiva. Raiva por você não se importar mais, não ter mais a vontade de me fazer feliz e satisfeita. Raiva por você não me perguntar mais como foi o meu dia, nem me obrigar a desenhar naquele caderno branco, “pra treinar o traço”. Eu senti raiva simplesmente pelo fato de que não te vejo mais, por você fazer questão de sair mais cedo que eu e chegar quando eu já estou dormindo. Eu senti raiva de mim mesma por sentir raiva de você, mas acima de tudo, por você não ser mais o meu super herói, o meu porto seguro. Eu não te sinto mais, e já perdi as minhas forças e todas as minhas fichas. Hoje eu senti raiva de você, por me prometer coisas que sei que não vai ser capaz de cumprir, por não me chamar mais pelo apelido de infância que você mesmo inventou, por não me ver mais como sua menina. E isso é, sem dúvida, uma das coisas mais tristes pra mim.
terça-feira, 7 de abril de 2009
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