segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Promessas

Entre a morte e o nada, tinha preferido o nada. Então vivia um dia após o outro, surpresa quando a luz branca entrava pela janela do quarto, percebendo que tinha sobrevivido à noite, e aos pesadelos.
Se ocupava o tempo todo. Trabalhava quando não era necessário, lia e estudava além do normal, mas precisava de alguma forma, ocupar sua cabeça. A noite era a pior parte da dor. Ocupava então seu dia até o sono soprar suas têmporas e não suportar mais os olhos se fecharem e pedir por descanso.
Às vezes passava por alguns lugares e se reprimia por imaginar que nada havia acontecido, tudo tinha sido fantasias de sua cabeça ou que havia sonhado dias tão perfeitos. Mas o cheiro dele era real e persistente demais para tê-lo imaginado. Não podia ter inventado tamanha perfeição.
Percebeu que lutava para não pensar nele, mas não lutava para esquecê-lo. O que certamente seria o mais sábio a se fazer quando se levava uma vida como se ele nunca tivesse existido.
Esforçou-se para ouvir sua voz de mel em meio aos retornos constantes dos monstros cruéis de seus sonhos, em vão. Em compensação de vez em quando percebia que ria como ele. Uma risada pausada, som alto, que saia do estômago e subia até a superfície. Se deu conta que não queria esquecer nada, porque a melhor parte de toda a história era o fato dele ter existido. Não importava se havia acabado, se ela não fosse realmente suficiente pra ele. “Quando a vida lhe oferece um sonho muito além de todas as suas expectativas, é irracional se lamentar quando isso chega ao fim”. Ele a amou por algum tempo e ela seria grata pelos dias mais felizes de sua vida. Era mais do que ela podia um dia ter desejado. Nada apagaria aquela lembrança de um tempo em que os braços e corpo perfeitos dele a ninaram antes de dormir. Queria lembrar de tudo anos depois, e por isso julgava os dias vazios ideais. Eles eram suficientemente mornos e não poderiam apagar as memórias dos melhores tempos. Tinha prometido que tomaria cuidado, que não seria o fim, mas deixara de viver assim que ele foi embora, sendo que a vida toda ele prometera que ficaria. Foi aí que levou para o resto das noites difíceis filosofias vazias como seus dias: não cumpriria mais promessas. Um dia, de uma forma ou de outra, elas seriam mesmo quebradas.

Inspirado em Crepúsculo e Lua Nova, de Stephenie Meyer, e em meus próprios devaneios.

Um comentário:

Unknown disse...

le tudo o que vc escreveu e entende pq esse livro me machuca?!